Vivemos mais anos, convivendo com doenças que acabam por chegar a nossa casa, sejam experienciadas na primeira pessoa, sejam hóspedes inesperados que entram na vida de quem nos é próximo. O estatuto do cuidador informal constitui a expressão jurídica de uma realidade que continua a aumentar e que é frequentemente vivida na solidão de quem suspende a sua vida para cuidar. Apesar desta solidão e de todas as dificuldades que vão surgindo, os cuidadores são reconhecidos e têm uma rede (frágil, por vezes vezes insuficiente e ineficaz) que procura apoiá-los. E os pós-cuidadores? O que sabemos nós sobre “a experiência vivida do pós-cuidador na reconstrução da vida quotidiana após o falecimento da pessoa cuidada” (Afonso, C. (2021). Reconstrução da vida quotidiana: experiência vivida do pós-cuidador familiar)? Que redes de apoio podemos desenhar e implementar para este grupo cada vez mais vasto e que permanece silencioso na nossa sociedade?
Para refletirmos sobre este tema tão premente, contamos com a participação de: Catarina Afonso, doutorada em Enfermagem e pós-doutoranda na área de Medicina Narrativa, professora adjunta na Escola Superior de Santarém; Manuel Barbosa, assistente de medicina geral e familiar com competência em medicina paliativa, coordenador da equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos Maia / Valongo; Sandra Prata, psicóloga clínica na equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Maia Valongo; Teresa Moreira, pós-cuidadora e diretora executiva da APELA.
Conversa online realizada a 18 de julho de 2O23, com moderação de Susana Magalhães e Manuela Vidigal Bertão, do Grupo de Estudos e Reflexão em Medicina Narrativa (GERMEN).
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